Artigo: Eu tive Covid

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Por: Rodrigo Segantini*

Em uma quinta-feira, tomei chuva. Depois, estive em uma reunião em uma sala, na qual o ar condicionado estava bem forte. Todos estavam de máscaras, havia uma distância razoável entre um e outro, álcool gel para higienização das mãos. À noite, senti minha garganta raspando. Como havia me molhado na chuva e me secado no ar condicionado, não me importei. Usei uma pastilha e me senti melhor.

Na sexta-feira, tudo estava indo bem, sem dor de garganta. Mas, conforme a noite foi chegando, um leve pigarro apareceu, o qual logo evoluiu para tosse. Achei que pudesse ser o clima virando, já que eu estava com um pouco de frio. No entanto, quando busquei uma coberta, meu filho Arthur me alertou: não estava tão frio assim. Aferi minha temperatura e estava 36,5°C, então eu não estava com febre. Contudo, convenhamos, calafrio assim também não é bom sinal. Lá pelas 20h, 21h, percebi que minha temperatura estava subindo e querendo chegar em 38°C. Apesar de estar vacinado com as três doeses, suspeitei que era covid-19 e já me cuidei de ficar longe de todo mundo, sozinho no quarto.

No sábado, fizemos o exame eu, meu filho e minha namorada. Eu estava positivo, eles dois negativos. Voltei para casa, entrei em contato com serviços de telemedicina, peguei um atestado de dez dias e, por todo esse tempo, não sai do meu quarto para absolutamente nada, só usei materiais descartáveis e não tive mais nenhum contato com ninguém. Karina e Arthur ficaram em casa, mas sem sair e sem receber visitas. Desde então, além da dor de garganta e tosse, tive febre, dor de cabeça e tontura.

Quando voltei ao mundo real, soube que várias pessoas ao meu redor também tinham estado adoecidas pela covid. Todas, sem exceção, tiveram dor de garganta e tosse, mas não se importaram com esses sintomas, acreditando que era pela virada do clima ou que fosse algum outro problema, como rinite, alergia ou refluxo. Só foram atrás de procurar saber se poderia ser covid ou não quando eu avisei que tinha me infectado e se preocuparam pela similaridade entre o que relatei como sintoma e o que elas estavam sentindo.

Essa variante ômicron se dissemina com muito mais facilidade. O primeiro coronavírus se difundia na proporção de um para dois – um doente infectava duas pessoas. A quarta variante, chamada delta, que se tornou dominante no mundo se propagava na proporção de um para seis. A ômicron voa de um para onze – cada doente passa o vírus para outras onze pessoas! Isso explica a explosão de casos.

No entanto, como podemos perceber, o sistema de saúde não explodiu como aconteceu no ano passado, quando o coronavírus não era tão agressivo. Isso porque temos um índice razoável de população vacinada. Assim, os organismos de alguns de nós conseguiram debelar a doença sem desenvolver sintomas graves e, principalmente, sem chegar à morte. Embora a variante ômicron seja muito mais agressiva, a vacina deu conta de contê-la.

Mas não se iludam: o coronavírus segue circulando. Porque há muita gente que não se vacinou ou não tem esquema vacinal completo, elas ainda estão sujeitas a desenvolver sintomas graves ou morrer. Fora isso, enquanto viaja por aí no meio de nós, o coronavírus pode desenvolver novas variantes até que uma delas seja capaz de driblar a proteção da vacina. Por isso, os cuidados ainda são necessários.

O mais importante, o que faço questão de que você saiba é que, ao primeiro sintoma, se tiver dor de garganta (mesmo que leve), no caso de qualquer tossezinha, considere que pode ser covid, mesmo que você já tenha se vacinado. Não fique achando que é rinite, alergia, mudança do clima, ter dormido com o cabelo molhado ou refluxo. Faça o exame e se isole imediatamente até que saia o resultado e, caso dê positivo, procure um médico imediatamente. Covid não tem cura, nenhum remédio mata o coronavírus, não tem remédio para prevenir essa doença. Os remédios que serão lhe passados serão para aliviar os sintomas.

Covid não tem cura e só tem um jeito de acabar com o coronavírus: a vacinação antes de ficar doente e o isolamento em caso de ficar doente. Isso é o que podemos fazer para acabar com essa porcaria maldita!

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.

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